segunda-feira, 24 de outubro de 2011


UMA HOMENAGEM AOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL
DE ENSINO CAJAZEIRAS

Sou professor...

Sou professor! Professor sim, com muito amor! Livro nas mãos, giz e apagador –  instrumentos perfeitos para a construção do conhecimento. Com uma caneta em punho vou escrevendo a história da educação, ajudando aos homens a desenvolver a ciência, a tecnologia e o progresso. Sou professor de cabeça feita, educado, gente sensata!
Sou professor com orgulho e bravura, meio acanhado, mas nunca alienado, mesmo tão desvalorizado! Sou consciente de que homens sem visão no passado – nos anos 60 – nos deixaram na mão. Agora, depois de tanta luta, quiçá, Deus queira que a vitória chegue por antecipação.
Sou professor, ainda tão fantástico como Anízio Teixeira e idealista e apaixonado como Paulo Freire! Sou mesmo educador, grande compositor de uma música cujo ritmo e som são produzidos todos os dias no velho chão da escola.
Sou professor, educador! Minha linguagem é escola, até mesmo nas rodas de amigos, não aprendi nem sei falar de mais nada, senão da construção educativa. Minha família genealógica funde-se a cada ano com a família escola e se torna tão grande e tão dinâmica que chega a se perder na contagem dos números que compõem o meu ciclo de matriz e de mistura desta nova versão da integração família-educação.
Sou professor! Minha paciência é tamanha e se fortalece a cada dia, mesmo diante daqueles que têm muitas dificuldades na aprendizagem. Insisto em dizer para mim mesmo que “as coisas acontecem na hora certa”. Às vezes, recorro a Deus para iluminar meus Querubins que, muitas vezes, sem esperança e sem sonhos me fazem assumir um pouco de suas vidas. Nessa empreitada, com trabalho de carpinteiro ou mesmo de escultor faço uso das ferramentas certas e, pouco a pouco, vou despertando os sonhos, fazendo renascer a esperança.
Sou professor! Na minha simplicidade e no meu imenso valor assumo um pouco de quase todas as outras profissões: Psicólogos, Assistente Social, etc . O aluno não aprende... Uso da didática, recorro às metodologias, invisto na melhor técnica. Mas, mesmo assim, ainda muitos não aprendem! O que fazer? A alma de educador, impregnada no meu ser, absorta no imenso amor de cuidador, grita forte como um tormento, soando com lamento. Preciso recuperá-lo!!! Neste instante, assumo a Psicologia, busco Piaget, Wallom e Wigotysk. Começo, então a discutir com os meus neurônios para encontrar o diagnóstico. Diante da análise, qual a melhor solução? Em outro momento, surge a assistente social. O problema é a desestruturação familiar. Recorro, portanto, ao diálogo, chamo os pais e até o Conselho Tutelar. Nem sempre os problemas se esgotam. Consecutivamente recorro a outra profissão, incorporo outras dimensões humanas.
Sou professor! Pensando bem, todos os outros profissionais, autônomos, liberais ou públicos aprenderam com o professor. Na verdade, existe uma cadeia – a escola está presente em nós; nós estamos presentes na sociedade; a sociedade, por sua vez, está presente em cada um e cada uma que, hoje, por força de lei, necessariamente passa pela escola. É o ciclo da vida renovando-se, depurando-se e se lapidando no complexo educacional.
Sou professor! Maestro exímio da orquestra dos sonhos, dos valores, das culturas, dos significados, das invenções e de tanta criatividade. Tenho magnânima chance de poder recuperar histórias e históricos sociais de homens e de mulheres que, muitas vezes, debaixo de poder sórdido, ficam sem opção, alheios a confusões de deturpados vícios e delinquências.
Sou professor! Tenho esperança traduzida na figura incontestável e imprescindível do ser professor educador. Por isso, sei que vale a pena ser professor. Nos momentos felizes divido com todos, nos momentos difíceis evoco o grande Deus. No silêncio e na injustiça, luto com garra e conhecimento. Na alegria, propago com vigor a beleza de ser educador.

                        MARIA DO CARMO PEREIRA VALE LEITE
                   SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃO DE CAJAZEIRAS


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