Quatro entre dez homens de zonas rurais fazem sexo com animais
Brasil 17/10/2011
Estudo
inédito realizado por médico do Hospital A.C.Camargo mostra que quatro
entre dez homens que vivem em zonais rurais no país já tiveram uma ou
mais relações sexuais com animais. A prática é responsável por dobrar o
risco de câncer de pênis.
A pesquisa, liderada pelo urologista
Stênio de Cássio Zequi, será publicada na próxima edição do periódico
Journal of Sexual Medicine.
Os pesquisadores isolaram fatores que
poderiam elevar o risco de câncer e levá-los a uma conclusão errada.
Foram avaliados, além de sexo com animais, critérios como raça, idade,
idade da primeira relação sexual, história de doença sexualmente
transmissível, lesões penianas pré-malignas, fimose e circuncisão,
idade da circuncisão, número de parceiros sexuais, tabagismo e história
de sexo com prostitutas.
Uma das possíveis explicações para a
associação entre câncer de pênis e sexo com animais, segundo o
urologista, é o fato de que a mucosa genital do animal é bastante
queratinizada, ou seja, mais dura que a humana, podendo causar traumas.
Outra hipótese é a existência de elementos tóxicos na secreção animal
ou de micro-organismos capazes de infectar o ser humano. O especialista
ressalta, no entanto, que estas possíveis causas são especulações e
ainda não é possível afirmar se há um ou mais vírus ou microrganismos
específicos envolvidos no processo, nem se a prática pode causar danos
às mulheres com quem esses homens se relacionam.
Frequência
Zequi e os demais pesquisadores
identificaram, dentre outras coisas, que homens que praticam sexo com
animais têm mais DSTs. Ainda segundo o trabalho, o tempo de duração e o
numero de animais envolvidos mostra que a prática é mais comum no
Nordeste do país e que lá predominam equinos. Já no Sudeste, caprinos e
galináceos.
A periodicidade da prática de sexo com
animais variou. Um único episódio na vida foi apontado por 14% dos
entrevistados. Duas vezes ao mês (17%), uma vez por mês (15,2%), uma
vez por semana (10,5%), três vezes por semana (10%), duas vezes por
semana (9,4), diariamente (4,1%), dia sim/dia não (5,3%).
A duração do comportamento de sexo com
animais durou menos de um ano para 34 indivíduos (19,9%); um a 26 anos
(80,1%). A duração mais comum foi de 1 a 5 anos (reportada por 59% dos
entrevistados). Já sexo com animais junto com um grupo de homens foi
reportado por 29,8% dos entrevistados. Todas as entrevistas foram
realizadas pessoalmente.
Embora raro (2,9 a 6,8 casos por 100 mil
habitantes), o câncer de pênis costuma provocar mutilações.
Levantamento recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta
que são amputados, todos os anos, mais de mil pênis no país. As
principais causas já conhecidas até então são falta de higiene e
presença de fimose, pois estão associadas com acúmulo de secreções na
glande ou em outras regiões do pênis, causando assim uma inflamação
crônica que pode desencadear o tumor.
Tabu
A doença é mais incidente nas regiões
mais pobres e, consequentemente, com menor acesso às informações sobre
prevenção de câncer. Há também barreiras importantes, como o tabu do
homem ir ao médico.
O pesquisador ressalta, no entanto, que
sexo com animais não é um hábito exclusivo dos mais pobres, observa o
especialista. “A internet dissemina esta prática também nos países
desenvolvidos. Seja por curiosidade, seja por prazer, seja por doença
psiquiátrica, isso ocorre. Quebrar o tabu é a melhor forma de reduzir
seus danos. Acreditamos nisso”.
O estudo reuniu pesquisadores de 16
centros que tratam câncer em doze cidades brasileiras: Unicamp, Santa
Casa de São Paulo, Unifesp, Hospital de Câncer de Barretos, Hospital do
Câncer do Piauí, Hospital do Câncer do Maranhão, Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Hospital Napoleão Laureano da Paraíba, Fundação
Hospitalar do Acre, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade
Federal do Paraná, Hospital da Aeronáutica de São Paulo e também
unidades de Carapicuíba e Itapevi.
UOL
Alô sertão
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